Intra-empreendedorismo é o nome dado ao empreendedorismo levado a cabo pelos colaboradores no seio de uma determinada organização.
Estes colaboradores, que podem estar em qualquer área funcional, são capazes de idealizar e concretizar projectos, inovar em produtos, serviços, processos, experiências, tecnologias, abordagens competitivas, introduzir novos modelos de negócio, e conquistar novos mercados.
Mas como pode uma organização promover tal atitude e apoiar essas iniciativas? E sobretudo, porque fariam tal coisa?
Penso que uma melhor pergunta é “porque não”?
Vejamos, estariam as empresas a beneficiar da iniciativa e criatividade interna dos seus colaboradores para desempenhar projectos de investigação, experimentação. Os colaboradores sentir-se-iam que lhes é dada liberdade para criar e pensar out-of-the-box, seriam encorajados a correr riscos, de forma autónoma.
É uma situação win-win. Se por um lado as empresas beneficiam dessas inovações para poderem atingir os seus objectivos estratégicos – e quem sabe poderão monetizá-las, por outro lado impactam positivamente na motivação dos seus colaboradores que sentem que participam no futuro da sua empresa, no nível de compromisso, sentimento de propriedade e engajamento dos mesmos, e no ambiente organizacional, com benefícios a longo-prazo na retenção de quadros. Para além disso, tudo a correr bem, uma ideia concretizada com sucesso pode traduzir-se numa inovação que coloca a empresa em vantagem concorrencial e pode sustentar a longevidade concorrencial.
Existem vários exemplos de empresas que criam estruturas mais ou menos autónomas, comités, equipas, dedicadas ao intra-empreendedorismo, por vezes até com recursos, sistemas, plataformas e orçamentos próprios. Em alguns modelos, as empresas chegam até a partilhar os benefícios da monetização com os criadores da inovação.
Agindo desta forma, as empresas estimulam uma cultura organizacional de crescimento, criatividade, e empreendedorismo junto dos seus colaboradores, onde a inovação deixa de ser um acontecimento e é suportada por processos e sistemas, aceite como parte integrante do DNA da organização e como a sua estratégia. Combatem o risco da inércia e rigidez organizacional.
Mas porque está a Brand Works – consultoria e formação especializadas nas áreas de Marketing Estratégico, Gestão de Marketing e Marketing de Crescimento – a debruçar-se sobre o intra-empreendedorimo? Acontece que este é um ambiente altamente propício para Marketing de Crescimento. (Veja o nosso artigo sobre Marketing de Crescimento aqui: Marketing de Crescimento: O que é? – Brand Works Angola)
Na verdade, há inúmeros paralelismos entre o intra-empreendedorismo e o Marketing de Crescimento. Ambos precisam de uma boa dose de criatividade, abordagem analítica, decisões baseadas em dados, rigor, e uma orientação para o retorno do investimento. Mais!, paciência e persistência. Espírito de investigador. E têm de estar confortáveis com o risco e com a ambiguidade, com a possibilidade de, depois de muitos anos, terem de descontinuar os seus projectos.
Vejamos alguns bons exemplos de como o intra-empreendedorismo se confunde com o Marketing de Crescimento:
Um dos elementos-chave do processo de inovação da empresa 3M é a sua “regra dos 15%”. Esta regra estabelece que os funcionários podem dedicar 15% do seu tempo em projectos fora das suas funções normais de trabalho. Isto permite-lhes explorar novas ideias e desenvolver soluções inovadoras sem se preocuparem com o cumprimento de prazos ou outros compromissos. Também incentiva os funcionários a pensar de forma criativa e a apresentar novas ideias que possam levar a avanços no desenvolvimento de produtos. (Fonte: Innovolo Group) A criação dos Post-It notes são resultado desta regra. Também na 3M, existe outra regra que pretende acelerar o ritmo de inovação da organização, que estabelece que 30% do lucro da empresa deve derivar de produtos lançados nos últimos quatro anos. (Fonte: The Strategy Story)
Hoje, a 3M lidera os rankings mundiais de reconhecimento nas áreas de inovação, sustentabilidade, empregabilidade, equidade, e impacto social.
O que aconteceria se o orçamento alocado à publicidade nos meios convencionais fosse transferido para iniciativas de Marketing de Crescimento? Esta é uma análise que cada gestor deve fazer. Marketing de Crescimento também pode exigir grandes investimentos. Requer tempo, recursos e muitas tentativas e erros. Pode levar muito tempo para alcançar resultados. Pode, contudo, gerar crescimento sustentável de longo-prazo, o que pode ser mais valioso do que os ganhos gerados por publicidade.
A McKinsey fez uma pesquisa em 2019, sobre o que ajuda as empresas a prosperar durante as crises. Estudaram um grupo de aproximadamente 1.100 empresas de capital aberto, em uma ampla gama de sectores e geografias, com receitas superiores a US$ 1 bilhão. Entre 2007 e 2011, em cada um dos 12 sectores económicos analisados, houve uma curva de desempenho corporativo, medida em termos de retorno total aos acionistas (TRS) ou crescimento excessivo do TRS durante esse período, em relação à mediana do sector. O quintil superior de empresas de cada sector – as empresas ditas resilientes – apresentou um crescimento de TRS estruturalmente superior à mediana do seu sector. Descobriram que, entre outras acções, essas empresas resilientes nos momentos de crise focaram-se no crescimento, mesmo que isso significasse incorrer em custos. As empresas que se concentraram no crescimento – geralmente em marketing e outras funções – cresceram 150% mais do que as suas pares do mesmo sector.
Devemos por isso repensar se, nos momentos de crise, devemos cortar o investimento em Marketing, ou se devemos canalizar esforços para encontrar formas de responder estrategicamente ao novo contexto por via do Marketing de Crescimento. Encorajamos todos os Gestores de Marketing a desafiarem os seus CEOs com esta abordagem. Boa Sorte!
Contacte a Brand Works para saber como poderemos ajudar a sua empresa a inovar e a elevar o seu potencial, ou a adquirir competências de crescimento de negócio. Os nossos serviços de consultoria e capacitação são desenhados à medida para responder aos desafios únicos da sua organização.